Bem-Vindo ao Estação 018!


Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

sobre semear (2)


ver nascer o que não se plantou 
é uma vertigem

quando faz sombra
ou alivia o calor
é diferente
afinal o céu dá presente
e nem tudo é labor

eu 
que plantei vento
nunca recebi furacão
ventania
ou brisa negligente

quando pensei em entrar
senti cair umas
três gotas

era uma chuva de fim de tarde
que não pedi
não plantei 
mas veio

não sei como veio
nem vi nuvens se formarem
só senti três gotas 
e estava chovendo 

num arroubo
olhar para cima e abrir a boca
era vital

bebi da chuva 
que não pedi 
nem plantei

a noite veio e a chuva acabou
recolhi-me fazia frio
daquela chuva
restaram-me 
um mal estar crônico
uma gripe (que às vezes vai mas sempre volta
                    e que inclui uma tosse de murmúrios e lamentos
                    e acesso de espirros - impurezas no pulmão)
e uma lembrança boa de uma chuva de fim de tarde

mas o que eu plantei não vingou
de quem me vingarei?

Raul Albuquerque
13/09/2013

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