Bem-Vindo ao Estação 018!


Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

sábado, 25 de maio de 2013

Hei


Nasci escravo
por herança:
sou filho de Homero
- talvez o escravo primeiro.

Vivemos cercados
por paredes
tão concretas quanto o encanto;
tão vivas quando a imagem de quem morreu;
tão próximas quanto a utopia mais distante.

Assim, a nós outros,
os que nascem escravizados,
o encanto é o que há de mais concreto,
as imagens dos mortos saem da parede e falam,
o amor está sempre próximo
- ameaça constante.

Se tais coisas
não são desse inebriante modo
em teus domínios,
és livre.

Eu sou escravo
- o que lamenta,
resmunga, faz cena
e ri-se de si próprio
ao fim do espetáculo.

Mas não tenhas 
pena de mim
- herdeiro da pena
de Camões.

Um dia hei de ser liberto,
deixarei aqui meu corpo
e sairei livre a desenhar
sete sóis no asfalto
das ruas 
da morte.

Raul Albuquerque
25/05/2013

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