Bem-Vindo ao Estação 018!


Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Vapor


Saí de casa
correndo 
a todo vapor 
- não só para ver-te,
mas para ter-te,
para ser teu carrasco
carcereiro
escravo
concubino
brinquedo de ninar.

Subi as escadas
a todo vapor.

Toquei a campainha
e em mim 
já apitavam chaminés
e trabalham máquinas.

Quando abriste a porta,
o calor do sétimo círculo do inferno de Dante
me tomou
e começou a me consumir.

Entramos
e já nos unimos:
tua coxa direita em uma de minhas mãos
teu pescoço na outra mão
tua boca na minha - e esqueço o mundo.
(sem tempo para um inútil boa-tarde,
nós fizemos a tarde ser ótima).

Rápidos pensamentos:
se sobre a mesa,
será que ela aguenta?
se no tapete da sala,
e se chegar alguém?
se contra a parede,
será desconfortável?

E me surpreendes
ao me levar suspiro a suspiro
até teu quarto
- e pediste silêncio,
teu irmão mais novo dormia no quarto ao lado.

Era teu quarto
nossa casa de máquinas
era hora de confeccionar amor
a todo vapor

confeccionar amor
em escala industrial
confeccionar amor
a quatros mãos
confeccionar amor
a peitos cheios
confeccionar amor
a ferro e fogo
confeccionar amor
para o ano todo
confeccionar amor
de modo artesanal
confeccionar amor
a todo vapor

o meu vapor 
que se funde
- e se confunde -
com o teu vapor.

e em tanto vapor
e em tanto amor
nenhum pudor
inflamados vocativos
              provocativos
e em tanto ôr
e em tanto ôr
e em tanto oh
e em tanto oh

apitam todas as chaminés
fumaça brança
habemus amore 
fumaça branca
apitam todas as chaminés

e somos, pois, silêncio
férias coletivas
jantar em família
como se amor ainda não houvesse.

Raul Cézar de Albuquerque
03/04/2013

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