Bem-Vindo ao Estação 018!


Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

terça-feira, 16 de abril de 2013

Alegorias para ela



primeira alegoria

Tempestade  
                       d e      
                                 a r  e   i    a
         sem sentido
 direção 
        ou lógica humana.

patético
pareço ter viajado                     quilômetros,
mas
para onde?
            atrás de que?
em busca de algo?
            seguindo alguém?    quem?

só      que             perdido
    sei         estou                 agora


segunda alegoria


Enquanto eu dormia,
pintaste meu quarto de tons
mais vivos e
redesenhaste a paisagem
além da janela.

Acordei e estava tudo 
diferente,
tudo novo.

Então bateu a cruel meia-noite
e foi-se o encanto,
dissolveram-se as tintas no ar
e algo parece ter destruído
tudo o mais além do meu quarto.

terceira alegoria


Tu, ó musa, foste a luz
da alva que incendeia
as árvores em pleno outono.



Tu, ó musa, foste a luz
que se espraia sobre a laguna
e dela faz espelho.


Tu, ó musa, foste a luz
que, discreta, aos poucos se revela
e torna-se meio-dia cáustico.

Tu, ó musa, foste a luz
que, sem avisar, minguou
e fez-se noite interminável.

quarta alegoria

Floresceram as campinas
antes pálidas de frio
- e eras tu o motivo.
Entretanto o inverno voltou.

quinta alegoria

tudo arrumado estava
na estante livros e fotos
na cama travesseiro e lençóis
na cadeira eu
em mim minha alma 
em minha alma o mais pacífico vácuo

terremoto
nove pontes
na escada 
riste
de plenitude

era o teu olhar
penetrando o meu


sexta alegoria

Amor à vista!
Abasteci-me e
pensei ter juntado felicidade 
para toda a vida.
Amor à vista
Direto na conta
Direto da fonte

Mas foi posto o amor em xeque
e perdeste o crédito.
Sobrou-me o débito comigo mesmo.
Tanto trabalhei e
tantos empréstimos pedi
só para repor o que levaste 
na euforia cega das madrugadas.
Se no início eu ficava vermelho
com o que falavas,
hoje ficou o saldo vermelho
e ficaram os olhos vermelhos - e
dissolveu-se lágrima a lágrima a ilusão.

Mas - que ninguém saiba - ainda fico vermelho
com tuas brincadeiras, teus elogios,
silêncios e sorrisos.

sétima alegoria

Vieste
Entraste
Ficaste
Sorriste
Encantaste
Enlouqueceste-me
Foste

ps.: e tu que eras ALEGRIA

foste afastando-te pouco a pouco
ALEG RIA
e deixaste entrar um Ó
- vocativo mudo -
ou só um O solitário
- caído de um ócio
ou de um ontem -
e hoje és 
ALEGORIA.
(abririas mão desse O
odioso e voltarias
para voltar a ser 
ALEGRIA 
ou só
alegria minha?)

Raul Cézar de Albuquerque
16/04/2013

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