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Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

domingo, 17 de março de 2013

"Artes Poéticas (II)" de Pablo Neruda


Não descobri nada eu,
já tudo estava descoberto
quando passei por este mundo.
Se regresso a estes lados
peço aos descobridores
que me guardem alguma coisa,
um vulcão que não tenha nome,
um madrigal desconhecido,
a fonte de um rio secreto.

Fui sempre tão aventureiro
que nunca tive uma aventura
e as coisas que descobri
estavam dentro de mim mesmo,
de tal modo que defraudei
a Juan, a Pedro e a Maria,
porque por mais que tenha me esforçado
não pude sair de minha casa.

Contemplei com inveja intensa
a inseminação incessante,
o ciclo dos satélites,
o acréscimo de esqueletos,
e na pintura vi passar
tantas maneiras fascinantes
que apenas me pus na moda
já aquela moda não existia.

Poema "Artes Poéticas (II)" de Pablo Neruda
Escrito em Isla Negra, e publicado no livro "Fin del mundo", em 1969.
Traduzido por Raul Albuquerque

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