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Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

"Canção" (de Allen Ginsberg)


Allen Ginsberg

Irwen Allen Ginsberg é um dos maiores nomes da poesia da Geração Beat e grande nome da contracultura estadunidense. A vida conturbada principalmente pela instabilidade psicológica de sua mãe - que tinha surtos de paranoia e ataques epiléticos frequentemente - marcou fortemente seu estilo e sua abordagem de temas de grande repercussão. Seu poema mais celebrado - e polêmico - é "Uivo" (publicado em 1955), mas o roubo de hoje será "Canção". O poema é simples, mas em si guarda o desconhecido flertando com o óbvio.


O peso do mundo
         é o amor.
Sob o fardo
       da solidão,
sob o fardo
      da insatisfação

       o peso
o peso que carregamos
        é o amor.

Quem poderia negá-lo?
          Em sonhos
nos toca
      o corpo,
em pensamentos
        constrói
um milagre,
         na imaginação
aflige-se
         até tornar-se
humano —

sai para fora do coração
         ardendo de pureza —

pois o fardo da vida
          é o amor,

mas nós carregamos o peso
           cansados
e assim temos que descansar
nos braços do amor
          finalmente
temos que descansar nos braços
           do amor.

Nenhum descanso
        sem amor,
nenhum sono
        sem sonhos
de amor —
           quer esteja eu louco ou frio,
obcecado por anjos
           ou por máquinas,
o último desejo
          é o amor
— não pode ser amargo
         não pode ser negado
não pode ser contido
           quando negado:

o peso é demasiado

          — deve dar-se
sem nada de volta
         assim como o pensamento
é dado
         na solidão
em toda a excelência
         do seu excesso.

Os corpos quentes
          brilham juntos
na escuridão,
          a mão se move
para o centro
        da carne,
a pele treme
          na felicidade
e a alma sobe
         feliz até o olho —

sim, sim,
           é isso que
eu queria,
          eu sempre quis,
eu sempre quis
         voltar
ao corpo
         em que nasci.

Poema "Canção" de Allen Ginsberg.

2 comentários:

  1. Meu caro Raul, sei que ando em falta com você, e não sei se dizer que 2012 foi um ano - pessoal, profissional e poeticamente - tácito e sonolento justifica. Enfim, peço que você me desculpe e, se possível, continue pedindo minha opinião sempre que julgar pertinente. Assim como agora peço a sua para essa minha "volta" a um ritmo mais dinâmico de escrita e, consequentemente, de postagens no blog e comentários nos blogs que me interessam.

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    1. Jorge, 2012 também foi um ano complicado pra mim - justifica, sim. Tá desculpado, sem problemas.
      Espero ansioso por seus novos - ótimos - poemas!

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