Bem-Vindo ao Estação 018!


Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

sábado, 12 de janeiro de 2013

Barquinho de papel


"Todo abismo é navegável a barquinhos de papel."
(Guimarães Rosa)

Há um fluxo ininterrupto.
Há um rio que - em suas sinuosidades -
desenha trajetos impossíveis
- impensáveis.

O cenário bucólico vai sendo 
cortado por um córrego que
- gota a gota-
desagua num não-sei-onde
- que preserva seu encanto
imerso no mistério do sem-fim

Tudo grita:
- "Filho, lança tuas dores e teus fardos.
Lança sem medo teu barco.
Lança sem pressa tuas preocupações.
Lança sem medo teu barco."

Lançando o barco
- frágil e inseguro -
confiamos que ele 
nos leve a terrenos e situações
inimagináveis.

Indico-te 
- e nenhuma autoridade tenho para isso -
que soltes teu barco impiedosamente
no fio d'água que corta - e costura - 
teu mundo.

O pior que pode te ocorrer
é que ele molhe, encharque-se e afunde.
Então, poderás fazer outro e outro e outro...

Mas algum destes outros há de romper
todas as barreiras e regras. E há
de descer tranquilo pelas corredeiras e
fugir do alcance da visão.

Enfim,
faze bons barcos
e lança-os.

Enfim,
faze bons barcos,
lança-os
e sê paciente.

Bons barcos vão longe
- quando lançados no córrego certo
no período certo.
Bons barcos darão certo
- no tempo certo.

Faze bons barcos e lança-os.
Então, descansa.

Raul Cézar de Albuquerque
12/01/2013

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