Bem-Vindo ao Estação 018!


Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

sábado, 14 de abril de 2012

Estrangeiro



E, aos poucos,
comecei a sentir-me um estrangeiro.
Sentindo que nada aqui
me pertencia ou me pertenceria.
Percebi-me um estrangeiro
que nada tem em comum
com a terra que transitoriamente habita.


Senti-me como aquele que
- sem perceber -
vai seguindo um alvo duvidoso
- ou pior, um alvo desconhecido.
Aquele que segue por seguir,
mas não sabe aonde vai
- nem por onde irá.


Vendo o curso dos rios
- que correm tão certos de seu fim -
invejei-os.
Vendo um bando de aves
- que voavam juntamente -
invejei-as.
Vendo um cão 
- que latia para um poste -
invejei-o, 
pois, ao menos, 
ele sabia para onde latir.


Um estrangeiro - perdido.
Senti-me quase assim.
O sentimento exato possui
um tom de loucura - de desespero.
O mais desesperado dos seres loucos perdidos - eu.


Desculpe-me
- permita-me uma correção:
Eu não me senti um estrangeiro.
Eu sou um estrangeiro.


(Eu, o mais estranho dos estrangeiros,
 pois desconheço minha terra natal.
 Em nenhum lugar que conheci,
 senti-me em casa - nunca.)


Raul Cézar de Albuquerque
14/04/2012

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