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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Hemingway, o Conto e o Microconto...

Ernest Hemingway

"Por sua maestria na arte da narrativa, mais recentemente demonstrada em 'O Velho e o Mar' e pela influência que ele exerceu sobre o estilo contemporâneo"

Assim a Academia Sueca explicou o motivo da entrega do Prêmio Nobel de Literatura de 1954,  o prêmio foi para o escritor estadunidense Ernest Miller Hemingway que foi um renovador da literatura universal. 

Embora seja conhecido pelo romance "O velho e o mar" (lançado em 1952), ele reformatou o modelo clássico do conto, além de aderir a e criar novas tendências literárias.
O modelo de conto firmado por Hemingway é curto, enxuto e sugestivo, sempre aposta na compreensão do leitor, abrindo espaço para inúmeras possibilidades e para infinitas motivações que levaram ao desfecho. 

O mais belo exemplo do estilo de Hemingway está no conto, considerado por muitos, o melhor de todos os tempos, "O Gato na Chuva" (clique aqui para ler), onde a personagem principal obtém um inexplicável (ou multiexplicável) apreço por um gato que está lá fora, na chuva. Este conto pergunta ao leitor: Por que ela queria tanto aquele gato? Por que seu companheiro demonstrou tanta indiferença? Como o gato chegou até ela? Sob que motivação? - E essas são apenas algumas das perguntas que surgem durante a leitura.
Marcado pela guerra - ele trabalhou como motorista de ambulância na Primeira Guerra Mundial e foi atingido por estilhaços de uma granada -, ele escreveu com precisão sobre sentimentos de desespero e desolação, prova disso é seu conto "O velho na ponte" (clique aqui para ler), onde o personagem parece tão abalado que apresenta um discurso incoerente, veja o trecho do conto em que o velho argumenta:
"Eu cuidava dos animais - lamuriou-se. Não se dirigia a mim, especificamente, e repetiu: - Eu só tomava conta dos animais..."
Hemingway é conhecido também pelo seu famosíssimo conto "As neves do Kilimanjaro" - talvez o mais famoso - em que demonstra conceitos acerca da vida e da morte, do desespero e da esperança; este é estranhamente mais longo que os outros contos de Hemingway.
Do seu longuíssimo conto "As neves do Kilimanjaro", vamos analisar uma tendência consolidada pelo próprio Hemingway: o microconto (ou miniconto).
A etimologia da palavra explica bem a forma deste gênero literário, é um conto geralmente resumido a apenas uma frase. Este modelo literário exige perícia, concisão e objetividade do escritor. O próprio Hemingway foi um excelente microcontista, veja este microconto:
Vende-se: sapatos de bebê, sem uso.
A reduzida frase apresenta várias leituras, possibilidades, causas e pontos de vista. Pois, pode ser apenas uma loja, mas também pode ser um casal que perdeu o bebê, uma mulher que sofreu aborto espontâneo, ou que realizou um aborto. Por trás dos 35 caracteres, pode haver a tristeza de uma mãe, de um pai, de uma avó, pode haver o alívio de uma mãe, de uma pai, de uma avó... Hemingway é um gênio, seja no romance, no conto ou no microconto!

Ernest Hemingway escrevendo...

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