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Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Um certo Caio F. Abreu (2)


Caio Fernando Abreu é, indubitavelmente, o poeta mais lembrado da nossa época e o que exerce maior fascínio sobre esta nova geração.

Nunca escondi minha aversão a tudo que faz estrondoso, ou até relativo, sucesso. Em geral, o que é bom para a massa não é bom de verdade. Creio que Caio F. A. realmente não é exceção a tal  regra.

Seu estilo feminino é muito claro. Os seus textos parecem fofocar sobre a própria vida, e fofocar é o termo certo. Sua escrita mescla Clarice Lispector com Oscar Wilde, mas nem arranha a qualidade dos dois.

Com seus discursos ultrarromânticos, faz-se como uma versão feminina de Lord Byron. Mesmo que às vezes tente ser mais realista, seu tom de eterna confidência sentimental não deixa.

Quando fala sobre Deus, alcança o auge do clichê pós-moderno acerca do deus-que-é-amor-só-amor-e-que-só-faz-o-que-nós-desejamos. O deus de Caio Abreu é muito idealizado e corresponde à frase: "Quando algo bom nos acontece, foi Deus, mas se algum ruim nos acomete, ou foi o diabo (pros mais religiosos), ou foi o destino (para os mais relax)". O deus de Caio Abreu não existe.

Esta geração tem se afundado neste tipo de literatura e, com isso, não consegue respirar arte sóbria. Arte sem a máxima romântica de que "arte é desequilíbrio", a arte que edifica. A arte que tem se perdido, porque as pessoas tem seu perdido tempo sofrendo com os dilemas pseudo-profundos de Caio Fernando Abreu e suas adjacências contemporâneas.

Tendo lido muito de T. S. Eliot, e este inglês do século passado me ensinou algo notável...


Nós somos os homens ocos

Os homens empalhados
Uns nos outros amparados
O elmo cheio de nada. Ai de nós!

Nossas vozes dessecadas,
Quando juntos sussurramos,
São quietas e inexpressas
Como o vento na relva seca
Ou pés de ratos sobre cacos
Em nossa adega evaporada


Fôrma sem forma, sombra sem cor

Força paralisada, gesto sem vigor;

Entendem? Nós somos "o elmo cheio de nada", ou seja, pronto para a batalha, mas vazio. "Quando juntos sussurramos..." - o importante não é a união das pessoas, mas a entonação e o conteúdo do que é dito. Por isso não gosto de sussurrar junto com todos, antes prefiro gritar meus poemas cansativos dos séculos passados.

Até a próxima...

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