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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Crítica do Livro "A Metamorfose"

“A Metamorfose” do genial escritor tcheco Franz Kafka inicialmente traz algo totalmente inimaginável... Uma metamorfose.

O caixeiro-viajante Gregor Samsa amanhece na forma de um inseto gigante. O que parece uma história pictórica e louca revela-se uma intensa e verídica análise psicológica daqueles que se alienam da sociedade.
Primeiro, Gregor fica surpreso e não se reconhece. Depois, percebe o repúdio dos outros.
Logo após, ocorrem o isolamento, a incomunicabilidade, os hábitos diferentes, a saudade e o desconhecimento da normalidade, a alternância de liberdade e prisão internas, a escassez de ligações com o mundo real e a impotência neste mundo, a surpresa com o próprio potencial, a vergonha do passado...
Com isso, vêm o descontrole, a irritabilidade e o medo do novo por parte dos outros...
Ao fim, Samsa percebe o mundo com outro olhar e parece não se importar com o que ocorre fora de seu pequeno quarto...
Numa última tentativa de voltar ao mundo real, Gregor é totalmente rejeitado e recolhe-se pela última vez... Gregor morre e Kafka escreve da morte de Gregor com tanta poesia, o que contrasta com os berros da empregada que anuncia a morte... O final do livro é revoltante, mas poético. A família rindo num parque falando do futuro, um futuro sem a imagem de Gregor.
Gregor é muito Kafka. Kafka é muito Gregor. Ambos alienados, repudiados, sozinhos, isolados, pequenos, fracos, frágeis e... tão geniais. Para prová-lo citarei três passagens incríveis do livro:

A paisagem - “Totalmente urbana, Rua Charlotte, poderia acreditar que de sua janela via um deserto, no qual o céu cinzento e a terra cinzenta se fundiam!”

Gregor e Kafka - “Um dos prazeres de Gregor, o ato de se encarcerar assim, de todo.”

A morte de Gregor - “Permaneceu nesse estado de reflexões vazias e pacíficas até que o relógio da torre bateu três horas da madrugada. Ainda vivenciou o início do alvorecer geral do dia lá fora, além da janela. Em seguida, sem que ele o quisesse, sua cabeça inclinou-se totalmente para baixo e das suas ventas brotou, fraco, o último suspiro”

Aplausos ao gênio! Fiquem com uma frase de Kafka:

“Não é necessário sair de casa.
Permaneça em sua mesa e ouça.
Não apenas ouça, mas espere.
Não apenas espere, mas fique sozinho em silêncio.
Então o mundo se apresentará desmascarado.
Em êxtase, se dobrará sobre os seus pés.”

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